quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Podemos mudar o jeito de ser do outro ?

Alguém pode mudar o jeito de ser do outro, isto é, a sua personalidade ? Podemos nos deixar mudar por alguém que queremos nos envolver ? Antes de falarmos em mudança de nossas atitudes vamos analisar o que envolve quando conhecemos alguém e quando desejamos viver a dois com esse alguém, seja no namoro ou casamento.

Quando alguém nos atrai e quando algo dentro de nós diz "gostei dele(a), quero ele(a) para mim", a nossa realidade sofre mudanças, tanto internamente quanto externamente. Internamente somos tomados por sentimentos de nostalgia e desejos. As pernas bambeiam, o coração dispara, as pupilas dilatam. Tudo por conta da presença do outro.
Externamente queremos melhorar o nosso visual: compramos roupas novas, usamos bom perfume, tudo para causar uma boa impressão. É o jogo da sedução. Cada um procura se apresentar de forma bela e atraente. O mesmo se dá na natureza: os machos quando querem conquistar a atenção da fêmea brigam entre si, querem provar que são os "melhores".
Quando somos solteiros não precisamos dar satisfação a "ninguém". Mas numa relação a dois tuda muda. Temos que abrir mão, ceder, viver em cumplicidade para tornar a convivência possível.
Viver a dois requer regras. Não pode ser uma via de mão única. Devo fazer com o outro o que gostaria que fizesse comigo. Companheirismo, cumplicidade, dar satisfação, dividir momentos de alegria e de tristezas, são exigências próprias de um casal.
Voltemos à pergunta inicial: somos capazes de mudar o outro ou nos deixar mudar ? A resposta é sim. Mas é importante dizer que devido a nossa liberdade, não somos obrigados a fazer nada em relação ao outro, salvo em virtude de lei.
Mas não estamos tratando aqui de deveres que a lei estabelece, mas da mudança da personalidade, numa relação a dois, que nesse caso, não há uma lei positiva a ser cumprida a não ser a "lei" da livre cumplicidade.
Portanto, não somos obrigados a fazer algo pelo outro, de mudarmos algum comportamento nosso. Mas aí é que está: de um lado, queremos abdicar de alguma atitude, procurando agradar o outro com a intenção de conquistá-lo; de outro, deixamo-nos mudar para ter uma convivência harmônica.
Sendo assim, mudamos porque queremos, para atrair o outro, e mudamos, porque o outro nos pediu e por que também queremos atraí-lo. Desejamos, em suma, viver harmonicamente.
Esse processo de se moldar para o outro não é tarefa fácil. Às vezes temos comportamentos arraigados que são muito difíceis de abandonar. Às vezes você não quer deixar um modo de ser seu por comodismo, por valores herdados de família, por propensão genética etc.
Mas se amar não é fácil e exige esforço, renuncia, mudar-se para o outro exige igualmente esforço, renuncia. Se amar não é fácil, pois exige atitude, decisão, mudar segue o mesmo caminho. Mas se é possível amar e se chegar a esse sentimento maior, mudar, se faz tendo atitudes. Mudamos quando queremos mudar e nos esforçando para isso.
Segundo Mariângela Gentil Savoia, psicóloga do Hospital das Clínicas de São Paulo, não existe nenhuma pesquisa científica que mostre que o ser humano não tem jeito.
Aceite-se como você é. Reconheça suas limitações, e se for preciso mudar, esforce-se para isso, para que você tenha uma vida mais harmônica ao lado do seu amado, sua amada.

Fonte: Thiago Zanetti (jornalista e mestre em História)

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